19/12/17

Regressando às Honduras

O ponto da situação nas eleições presidenciais hondurenhas:

- Anteontem, 18/12/2017, o tribunal eleitoral declarou vencedor o atual presidente, o conservador Juan Orlando Hernandez, por 42,95% contra 41,42%

- A oposição considera o resultado uma fraude e têm havido protestos populares em todo o país

- Também uma análise estatística parece indicar que o resultado eleitoral (em que os votos contados até uma dada hora ia de forma aparentemente decisiva a favor da oposição, e a partir daí foram esmagadormente para o presidente/candidado) é bastante improvável ( “differences are too large to be generated by chance and are not easily explicable, raising doubts as to the veracity of the overall result.”)

- A Organização dos Estados Americanos considera o resultado duvidoso e pede a realização de novas eleições

- Já o Departamento de Estado dos EUA parece, pelo menos implicitamente, reconhecer a decisão do tribunal eleitoral

- Como seria de esperar, o Partido Nacional, do presidente, e também a confederação patronal rejeitam novas eleições

- Até ontem, 18 de dezembro, já terão sido mortas 23 pessoas

Mais algumas sugestões de leitura sobre o assunto: America’s Blind Eye to Honduras’s Tyrant, por Silvio Carrillo (New York Times); e Dictatorship: the ghost that haunts re-election in Honduras, por "RAJ" (Honduras Culture and Politics)

Questões que podem colocar os leitores:

- "Mas o que é que deu neste para estar constantemente a escrever sobre as Honduras?"

Bem, como há uns tempos escrevi um post sobre as (então futuras) eleições hondurenhas (que até pretendia ser mais um rescaldo do que há 8 anos se andou a discutir aquando do golpe, sobretudo na parte da reeleição presidencial) senti um certo interesse em continuar a seguir o assunto, quando se percebeu que era mais complicado do que parecia (em vez de um simples golpe judicial - aliás também praticado por governos de esquerda, na Bolívia e na Nicarágua - para permitir a reeleição, temos uma aparente fraude eleitoral, com a concomitante repressão do movimento popular), ainda mais porque parece-me que a comunicação social portuguesa pouco ou nada fala do assunto. Além disso é uma maneira sem muito esforço de dar o meu contributo para o blogue, já que pouco mais implica que postar links, artigos e notícias, sem precisar que eu efetivamente escreva alguma coisa própria.

- "Porque é que é quase tudo em inglês, a língua da United Fruit (mesmo que se esconda por detrás do aparentemente «latino» Chiquita) e dos instrutores da School of Americas que treinaram os esquadrões da morte, em vez de, p.ex., em espanhol, a língua dos conquistadores, da oligarquia local dos operacionais dos ditos esquadrões, e da maior parte das suas vítimas? Ou em garifuna, a língua de um dos povos mais oprimidos desse país?"

O motivo de linkar poucas (ou nenhumas) coisas em português já está explicito no ponto anterior - provavelmente, se eu visse muita coisa escrita em português sobre a situação hondurenha, se calhar nem andaria a escrever eu sobre o assunto; quanto a ser quase tudo em inglês - eu, quando vou, normalmente diariamente, ver o que se passa no mundo, não vou ver notícias de todos os países do mundo: vejo alguns sites portugueses, e depois vou ver alguns sites de âmbito global, de base anglo-saxónica (vários blogues , e eventualmente a CNN e a AlJazeera em inglês). Logo, quando sei de alguma coisa, é via uma notícia em inglês (se não for em português). E se, a respeito das Honduras, ainda linko ocasionalmente alguma coisa em espanhol, aviso desde já que se for escrever alguma coisa sobre a Palestina, Filipinas ou França, de certeza que só linkarei textos em inglês, porque não percebo as línguas locais.

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